A modalidade de teletrabalho implementado no serviço público federal através do Programa de Gestão, instituído pela Instrução Normativa 65/2020, vem dividindo opiniões. Enquanto a União aponta uma ampliação no número de servidores desempenhando funções remotamente após a pandemia, já que o formato gerou economia aos cofres no período da pandemia, trabalhadores temem perder direitos e excessos na jornada para o cumprimento de metas de produtividade. No Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que está em processo de aderência ao regime, alguns profissionais se queixam de que a questão não vem sendo discutida coletivamente. O órgão afirma ainda que, no ano passado, realizou pesquisas sobre a nova modalidade de trabalho, e que mais de 70% do quadro contribuiu. O Ministério da Economia, responsável pelo Programa de Gestão, não respondeu aos questionamentos da coluna.
Segundo a Instrução Normativa 65/2020, servidores que optarem pelo teletrabalho e tiverem aval da chefia para fazê-lo, ficam livres do controle de frequência, que é substituído pela produtividade como parâmetro de avaliação. Além disso, as unidades que aderirem ao Programa de Gestão poderão exigir, de quem trabalha de casa, uma produtividade maior do que a cobrada para atividades presenciais. O funcionário, nessa modalidade, não faz jus ao recebimento de adicionais de insalubridade ou periculosidade. Já o adicional noturno será pago caso o servidor comprovar o desempenho de funções entre 22h e 5h, autorizado por seus gestores.
— Se a produtividade no trabalho remoto tem que ser maior do que no presencial, mas a remuneração continua a mesma, isso significa perda salarial — pondera o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (AssIBGE), Paulo Lindesay: — Não somos contra o teletrabalho, mas queremos discutir o projeto. Muita gente pode estar aceitando isso sem ter consciência dos perigos.
IBGE garante que adesão ao modelo será opcional
O IBGE, em nota (veja na íntegra abaixo), garantiu que a adesão ao Programa de Gestão será opcional, “com base em negociação e diálogo permanentes, em busca de acordo e consenso” entre trabalhadores e suas chefias. No momento, o órgão se encontra na fase de abertura de inscrições, na qual os interessados podem se candidatar ao teletrabalho caso desejar. A participação de cada um no projeto, no entanto, terá que ser aprovada pelos gestores.
A unidade afirmou ainda que fará, até o fim de setembro, um ciclo de palestras para divulgar o Programa de Gestão. A primeira, realizada na última quarta-feira (11), teve público de 2.700 profissionais.