Ao menos 19 categorias de servidores podem começar a paralisar atividades para elevar a pressão contra o governo por reajustes salariais, após a sinalização do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que apenas policiais seriam atendidos em 2022.
O Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado) afirma que os sindicatos dessas categorias apoiam seus trabalhadores a suspenderem os trabalhos em três dias —em 18, 25 e 26 de janeiro (calendário aprovado pelo Fonacate em 29 de dezembro).
Assembleias ainda precisam ser feitas nos próximos dias para confirmar as adesões, o que é esperado em boa parte dos casos pelos dirigentes do fórum. Além das paralisações já planejadas, os servidores vão discutir em fevereiro uma possível greve.
Em alguns casos, a suspensão dos trabalhos já está confirmada. Nesta quarta-feira (12), a Unacon —que representa servidores do Tesouro Nacional e da CGU (Controladoria-Geral da União)— decidiu por unanimidade em assembleia a adesão à suspensão dos trabalhos no dia 18. Os protestos serão feitos em frente à sede do Banco Central às 10h e na Esplanada dos Ministérios às 14h. “Além disso, a exemplo do que os servidores do Tesouro já fizeram, vamos circular um abaixo-assinado na CGU contra a política remuneratória discriminatória do governo federal, que protege apenas militares e possivelmente segurança pública das perdas contra inflação”, afirmou Bruno Cerqueira, presidente da Unacon. “Também vamos intensificar as conversas com os comissionados dos órgãos para sinalizar possível entrega de cargos”, disse Cerqueira.
Fábio Faiad, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), afirmou que está mantida a paralisação da categoria no dia 18, das 10h às 12h. A decisão por manter a suspensão dos trabalhos foi tomada após representantes da entidade se reunirem nesta terça-feira (11) com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e saírem sem uma promessa concreta de reajuste.
Enquanto isso, diz Faiad, a mobilização avança com entrega de cargos. “A adesão às listas de não assunção de comissões e de entrega das comissões no BC já está próxima de 2.000 servidores, mesmo sendo mês de férias”, afirma. Os substitutos eventuais também serão convidados a aderir, abrindo mão de substituir os titulares. De acordo com Faiad, o objetivo da mobilização no BC é que o reajuste salarial não seja exclusivo para os policiais federais, mas que se estenda também para os servidores da autarquia. Além disso, eles pedem a reestruturação de carreira de analistas e técnicos do BC. Eles esperam que, em janeiro, haja nova reunião com o presidente do BC em que seja apresentada uma proposta concreta. “Caso contrário, passaremos a debater a proposta de greve por tempo indeterminado”, afirma Faiad.