Geral 4 de novembro de 2025
A pauta salarial dos servidores federais voltou ao centro das atenções. Em reunião recente da Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP), representantes das categorias apresentaram uma contraproposta ao governo, pedindo reajuste de 35% no auxílio-alimentação — quase o dobro do que foi inicialmente ofertado pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI).
Segundo o Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado), a proposta do governo — de 17,5% de aumento, que elevaria o valor dos atuais R$ 1.000 para R$ 1.175 — não acompanha o custo de vida atual, especialmente nas grandes cidades, e mantém o Executivo muito atrás dos valores pagos pelos outros poderes.
Os servidores propõem que o reajuste seja feito em duas etapas:
R$ 175 em dezembro de 2025
R$ 175 em abril de 2026
Com isso, o auxílio-alimentação passaria a R$ 1.350 no próximo ano.
Além disso, o documento entregue ao governo inclui outras reivindicações:
30% de reajuste na assistência à saúde suplementar;
20% de aumento no auxílio-creche;
E revisão dos valores de diárias pagas a servidores em viagens.
A insatisfação com os benefícios não é nova. Servidores lembram que, embora o governo tenha concedido reajustes salariais em 2023, os auxílios continuam congelados há anos, sem reposição integral da inflação.
Outro ponto de tensão é a diferença entre os Poderes: enquanto o Executivo mantém o auxílio-alimentação em torno de R$ 1.000, no Judiciário e no Legislativo o valor já ultrapassa os R$ 1.800.
Para as entidades, essa disparidade gera distorções e desvalorização do servidor do Executivo — justamente o que mais lida com a ponta do serviço público.
O MGI defende que a proposta de 17,5% é viável dentro do orçamento de 2026, com impacto estimado em R$ 1,1 bilhão.
Já o aumento pedido pelas entidades deve ter impacto maior e, segundo fontes do ministério, precisa caber dentro das metas fiscais estabelecidas pela equipe econômica.
Mesmo assim, o governo sinaliza que está aberto ao diálogo, o que mantém o clima de negociação vivo até o fim do ano.
A próxima rodada da MNNP está marcada para o dia 6 de novembro.
Até lá, as entidades sindicais pretendem intensificar a mobilização e dialogar com parlamentares, buscando apoio político para incluir o reajuste dos benefícios na Lei Orçamentária de 2026.
O pedido de 35% não é apenas uma questão de números.
Ele traduz uma demanda por respeito e valorização, num contexto em que o servidor público tem enfrentado anos de defasagem, acúmulo de funções e perda de poder de compra.
Enquanto o governo busca equilíbrio fiscal, a categoria reivindica equilíbrio social.
E esse debate — entre contas públicas e valorização do serviço público — promete ser um dos temas centrais das próximas semanas.
